Santa Cruz: Candidatos falam sobre SAF, gestão e futuro do clube

O Santa Cruz terá um novo presidente a partir da próxima semana. Com a desistência de Waldemar Oliveira do pleito, a disputa está entre o ex-diretor Albertino dos Anjos e o ex-presidente Antônio Luiz Neto. E o novo comandante estará à frente do clube em um importante processo de reestruturação do Tricolor, que se vê em uma grave crise técnica, financeira e institucional.

Assim, o NE45 conversou com os dois candidatos para entender o que eles pensam para a condução do Santa Cruz nesse mandato tampão – válido até o fim de 2023. A votação será indireta, apenas entre os conselheiros deliberativos do clube. Ela acontece entre as 20h e as 22h desta segunda-feira.

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SAF no Santa Cruz

Albertino: “É a única solução e é salutar”

“Eu sou 100% favorável, porque é a única solução para os clubes. Mas não é o desespero de ser a única solução, é porque isso é salutar para qualquer clube. Qualquer empresa, hoje, se puder abrir capital para atrair novos investimentos, o mundo todo faz. Então, o Santa Cruz, como uma empresa, com CNPJ, endereço próprio, tem que dar resultado. A SAF é uma sociedade anônima voltada para o futebol abrir capital para que investimentos aconteçam”.

Assim, Albertino também refletiu sobre a dificuldade do Santa Cruz em encontrar um investidor.

“Por que o Santa Cruz tem uma dificuldade tão grande de buscar investimentos? Há um passivo altíssimo, ainda em fase de crescimento a cada ano que passa, e um estatuto que pode fazer com que você aporte um dinheiro no clube e perca, porque os sócios podem dizer que o contrato é nocivo e rasgar o contrato. Como alguém, em sã consciência, pode colocar dinheiro no clube sem ter a garantia de receber o que ele colocou?”.

Antônio: “Desde que venha para os interesses do clube”

“Sou favorável, desde que a SAF venha para atender os interesses do clube, não comprometa o patrimônio do clube, que pertence e foi construído pela torcida, é orgulho de Pernambuco e do torcedor do Santa Cruz. Até porque os ativos que interessam a um investidor que quer ganhar dinheiro com futebol são a nossa torcida extraordinária e a base, que revela muitos atletas”.

Antônio também revelou ter tido contato com alguns possíveis investidores durante o período em que colaborou com a atual gestão.

“Temos muitos atrativos importantes para negociar com a SAF. Durante esses dois meses de colaboração com a atual gestão, tive contato com investidores que querem conversar com o Santa Cruz, fui procurado, comuniquei ao presidente. Eu sou a favor da SAF, acho que é um caminho importante e, dentro do modelo ideal para o Santa Cruz, nós devemos ter bons parceiros para nos ajudar a saldar nossa dívida e restaurar nosso patrimônio”.

Como gerir o Santa Cruz?

Albertino: “Trazer recursos para que se pague”

“Fazer uma reengenharia no clube, começar do zero, transformar o que deu errado em algo substancial para curto, médio e longo prazo. O que a gente precisa fazer? Trocando em miúdos, primeiro, equilibrar as contas de curto prazo, colocar os pés no chão. O Santa vai sofrer um pouco? Vai. Vai ter que sofrer para equilibrar as contas. Temos um grupo que quer vir participar do futebol, colocar um investimento inicial para que a gente possa respirar”.

Mas, mesmo tendo contato com possíveis investidores, Albertino garantiu que a necessidade da gestão do Santa Cruz vai além de pagar o futebol.

“Mas não é só pagar a folha do futebol. Se está superfaturada, acima do que seria a realidade na Série D e no Pernambucano, a gente precisa colocar na nossa realidade atual. E a gente precisa pagar o administrativo. Um funcionário que ganha um salário mínimo passa dois, três, quatro meses sem receber, isso é desumano. Então, a gente precisa trazer recursos para que se pague a todos de uma única vez. Se eu tenho um contrato, eu tenho a obrigação de pagar”.

Antônio: “Ter um planejamento estratégico bem feito”

“Fazer um planejamento estratégico para tornar o Santa Cruz um clube empresarial, como já fizemos da outra vez. Profissionalizando, buscando implementar um Santa Cruz de peso, grande, com condições de autodeterminação financeira e administrativa. E qualidade para isso nós temos, porque o Santa Cruz sempre foi moderno (…) O Santa Cruz tem como ter um planejamento estratégico bem feito, desde que haja honestidade, seriedade, austeridade”.

Além disso, Antônio Luiz Neto também lembrou que vem colaborando com a gestão do futebol coral nos últimos dois meses, já visando alguma ajuda à condução do clube.

“Fui chamado e atendi, considerando os soberanos interesses do clube para o qual dediquei minha vida e continuo dedicando. Fui para lá, fiz um diagnóstico do departamento de futebol e, desde então, o Santa Cruz começou a ter um bom desempenho em campo. Mas a gente está sempre correndo atrás, tentando ajudar. Fomos chamados a fazer reuniões junto a treinador, a diretor de futebol profissional, à gestão de futebol. Eu sou uma pessoa sempre disponível para o Santa Cruz”.

Os rumos do Santa Cruz

Albertino: “Sair para da Série D é obrigação e velocidade”

“O Santa Cruz sair da Série D para a Série A não é só obrigação, é velocidade, sair rápido, porque a visibilidade de um clube de futebol está nas Séries B e A, não na D. O Santa Cruz tem dificuldades até para atrair um investidor ou patrocinador de pequeno porte, regional, porque não tem visibilidade. É uma marca elevadíssima, forte, que está adormecida por amadores e por esse tipo de prática, de não deixar registrar uma chapa, de ficar na briga. Enquanto estiver nessa seara, o Santa Cruz vai, a cada dia, se afundar mais, e a gente quer mudar esse cenário”.

Antônio: “A voz da experiência evita errar”

“O Santa Cruz, primeiro, tem que saber usar a qualidade dos seus dirigentes, que são muitos e estão todos com muita boa vontade. Quando fui presidente, entre 2011 e 2014, tive o apoio de todos eles, fiz questão de ouvir, porque a voz da experiência traz conselhos importantes, evita errar. O Santa Cruz tem pessoas que passaram a vida colaborando muito com o clube. Alguns tem uma idade mais avançada, mas plenas condições de ajudar o clube. Tem muita gente que quer colaborar com o clube, alguns estão na gestão, outros estão fora, mas se habilitam a vir”.