Tricolor se manteve firme no propósito de se tornar ainda maior nacional e internacionalmente
Nem mesmo o mais fervoroso torcedor do Fortaleza imaginaria um fim de temporada com um saldo tão positivo. Esportivamente, o maior da centenária história do clube cearense. Um percurso inédito. Isso porque o Tricolor viveu uma verdadeira montanha-russa no intervalo entre os títulos e o momento derradeiro da Série A.
Se no início de 2022 o sentimento era de alegria, com as conquistas local e regional, no meio do trajeto o medo veio à tona. No primeiro turno do Brasileiro, apenas 15 pontos conquistados de 57 possíveis. O rebaixamento já parecia inevitável. A rota, então, foi recalculada. Em tempo, diga-se.

Abaixo, o NE45 destrincha a temporada do Leão do Pici em cinco capítulos. A caminhada da equipe tricolor do primeiro ao 70º jogo do longo 2022. Qual foi, de fato, o saldo do ano? Em que momento aconteceu a virada de chave? E os cofres do clube? Confira as respostas nas próximas linhas:
1- Tetra e bi invictos

O primeiro semestre do Fortaleza foi mais do que positivo. Além da participação histórica na Libertadores, se colocando entre os 16 melhores times do continente sul-americano, o Tricolor emplacou duas conquistas invictas: o tetra estadual e o bicampeonato da Copa do Nordeste. Domínio local e regional.
No Cearense, alcançou quatro títulos seguidos pela segunda vez na história. Agora, vai em busca do penta, objeto antigo de desejo, já que a sequência reacende – ainda mais – a rivalidade com o Ceará.
E não foi diferente no Nordestão: deu Leão, que conquistou a Região de forma consecutiva, com sete vitórias e cinco empates em 12 jogos. Um aproveitamento de 72,2 %.
2 – Da lanterna à Liberta

De longe, o ponto alto do roteiro do Fortaleza em 2022. Por toda a trajetória, a equipe cearense escreveu, pelo segundo ano consecutivo, a grande história da Série A do Brasileirão. Um destaque, diga-se, mais do que justificável: os tricolores foram do céu ao inferno. E de forma inédita.
O motivo? Tudo se desenhou a partir do péssimo primeiro turno do Leão do Pici. Foram apenas 15 pontos conquistados em 19 rodadas. Somente três vitórias. Mais do que na zona de rebaixamento, esteve abraçado com a lanterna.
Após o empate sem gols com o Santos, no Castelão, no último jogo antes do returno, os cearenses chegaram a somar 75% de chance de queda. Seria preciso somar o dobro de pontos, tendo o mesmo número de partidas, para alcançar a margem ‘mágica’ de 45 pontos.
Um feito jamais conquistado. Isso porque desde 2006, ano em que a Série A passou a contar com 20 times no formato atual, nunca o clube que encerrou o 1° turno na lanterna escapou do rebaixamento.
Mas…o Fortaleza foi além

Um returno avassalador. Logo nos 10 primeiros jogos, venceu sete empatou uma e perdeu apenas duas vezes. No recorte, teve a 2ª melhor campanha, com aproveitamento de 73,3%. E a crescente seguiu.
Uma melhora consistente o suficiente para transformar um rebaixamento que se desenhava inevitável em uma vaga na Copa Libertadores. Mais uma vez.
O Fortaleza terminou o Brasileiro na 8ª posição, com 55 pontos somados. Venceu 15, empatou 10 e perdeu 13 vezes. Foi, por mais um ano, o melhor nordestino.
3- O lado financeiro

O Fortaleza somou mais de R$ 63 milhões em premiações no ano de 2022. Um montante recorde na história do clube. Cenário, inclusive, que só foi possível porque os cearenses cumpriram todos os objetivos da temporada.
Do Cearense à Série A, o Leão conquistou dois títulos, avançou de fase na competição internacional que disputou e fez uma campanha histórica de recuperação na elite do futebol brasileiro.
Premiações do Fortaleza em 2022
- Copa do Nordeste (Campeão): R$ 3,56 milhões
- Copa do Brasil (Quartas de final): R$ 8,8 milhões
- Série A (8º): R$ 29,2 milhões.
- Libertadores (Oitavas): US$ 4,05 milhões (R$ 21,6 milhões)
- Total: R$ 63,16 milhões

Em 2023, o Fortaleza disputará Cearense, Nordestão, entrará direto na terceira fase da Copa do Brasil, disputará a Pré-Libertadores e estará, pelo quinto ano consecutivo, na Série A do Brasileiro.
4- O “fico” de Vojvoda

Juan Pablo Vojvoda escolheu o Fortaleza. Chegou e ficou. Ainda que o sucesso no clube cearense, naturalmente, tenha impulsionado a figura do treinador argentino no futebol brasileiro. Ele seguiu acreditando no projeto do Tricolor.
Um dos nomes mais cobiçados do mercado nas duas últimas temporadas, o técnico recusou propostas de gigantes como Atlético-MG, Vasco e Corinthians. Uma resposta à xenofobia despejada – por torcedores e membros da imprensa – até o “fico” ser selado. E que mostrou a força do futebol nordestino – e do Fortaleza.
Vojvoda teve vínculo estendido até o final de 2024. Ou seja, serão ao menos mais dois anos em parceria com o Tricolor. Um casamento vitorioso que tem tudo para seguir dando certo.
5- Peso na história do Nordeste

O feito do Fortaleza contribui, inevitavelmente, para a história do futebol nordestino. A Região vai para a sua 8ª participação na Copa Libertadores da América. Somando a outras disputas da Conmebol, será a 38ª presença do Nordeste em competições internacionais.
A classificação recente também remodelou o ranking do G-8 em termos de Liberta. O Leão do Pici agora, por exemplo, se igualou ao Sport e ficou a uma campanha do Bahia. Esse, que não sabe o que é jogar o torneio há mais de 30 anos. Os dados são do Blog de Cassio Zirpoli.
Abaixo, confira levantamento completo feito pelo Blog:
As campanhas nordestinas na Libertadores
1960 – Bahia: quartas (1ª fase), 1V, 0E e 1D (1º na Taça Brasil)
1964 – Bahia: preliminar (1ª fase), 0V, 1E e 1D (2º na Taça Brasil)
1968 – Náutico: grupo (1ª fase), 2V, 2E e 2D (2º da Taça Brasil)
1988 – Sport: grupo (1ª fase), 2V, 1E e 3D (1º na Série A)
1989 – Bahia: quartas (3ª fase), 5V, 4E e 1D (1º na Série A)
2009 – Sport: oitavas (3ª fase), 5V, 1E e 2D (1º na Copa do Brasil)
2022 – Fortaleza: oitavas (5ª fase), 3V, 2E e 3D (4º na Série A)
2023 – Fortaleza: a disputar (8º na Série A)
Nordeste na Libertadores
1º) 3 vezes – Bahia (60, 64 e 89)
2º) 2 vezes – Fortaleza (22 e 23) e Sport (88 e 09)
4º) 1 vez – Náutico (68)
Participações internacionais do NE
1º) 11 vezes – Bahia
2º) 7 vezes – Sport e Vitória
4º) 4 vezes – Ceará
5º) 3 vezes – Fortaleza
6º) 2 vezes – Náutico
7º) 1 vez – América-RN, CSA, Sampaio Corrêa e Santa Cruz
Foram levadas em conta as campanhas na Libertadores (1960-2023), Sul-Americana (2002-2023) e Copa Conmebol (1992-1999).

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