Lateral criticou a falta de posicionamento da diretoria coral
O Santa Cruz conseguiu avançar na Série D, mas a história do empate em 1×1 contra o Lagarto não terminou no apito final. Depois do jogo, o lateral Edson Ratinho criticou a postura da diretoria coral e fez um grande desabafo em defesa do elenco e dos funcionários.
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Em um relato forte, o ala disse que nenhum diretor do clube reuniu o elenco nesta semana importante; falou em “rabo preso” da direção; afirmou ter ajudado um funcionário a comprar gás de cozinha; ressaltou a entrega da torcida, apesar das seguidas dores; e reconheceu que pode ser mandado embora por isso.
Esta não é a 1ª vez
Este é o 2º desabafo público por parte do elenco do Santa Cruz em pouco mais de dois meses. Antes, o ex-treinador Leston Júnior e o ex-executivo de futebol Marcelo Segurado se pronunciaram sobre os atrasos no clube e foram desligados ainda no mesmo dia.
Dessa vez, o desabafo foi feito ainda dentro de campo. Na saída do gramado, Edson Ratinho falou com emissoras de rádio e relatou a situação. Alguns torcedores na área das sociais, inclusive, se aproximaram e aplaudiram o jogador após o desabafo.
A situação do Santa Cruz
Dentro do clube, o Santa Cruz vive uma crise. Com atraso salarial com jogadores e, principalmente, com funcionários, o Tricolor tem uma situação financeira bem delicada. Ratinho falou sobre essa situação.
“Quando a gente fala, quando eu falo, eu estou brigando pelo meu e pelo dos meus companheiros. Mas, principalmente pelo dos funcionários. Eu vou desabafar aqui hoje. Nesta semana, eu precisei fazer pix para funcionário comprar gás de cozinha. Isso dói em mim, porque eu sou pai de família. Ver um cara pedindo ajuda para comprar gás de cozinha?”
Mas ele foi além e criticou a inércia da diretoria coral. Segundo Ratinho, mesmo em uma semana tão decisiva, o elenco coral não teve uma cobrança ou um apoio da direção.
“Têm que cobrar. A gente não teve uma cobrança, p****. Time que quer chegar tem que cobrar, c******. A diretoria não cobrou ninguém. Mas por que eles não cobraram? Porque estão devendo, estão com rabo preso, essa é a verdade”.
Em campo
Segundo Ratinho, essa situação também reflete no Santa Cruz dentro do gramado. Cobrando mais organização por parte da diretoria, ele afirmou: “Futebol, tem hora que Deus abençoa a equipe que está mais correta. Não tem para onde correr. No futebol, a bola pune”.
E ele ainda ressaltou que muitos atletas têm medo de se posicionar para não serem taxados como mercenários. “Mas me diga, quem é que está ganhando rios de dinheiro aqui no Santa Cruz, nessa situação que está, para querer ser mercenário?”, questionou Edson Ratinho.
Assim, ele voltou a cobrar posição da diretoria além dos pedidos de casa cheia à torcida. “A diretoria, se quiser subir, não é só chegar e ficar convocando torcedor para vir para o estádio”. Afirmou, antes de continuar.
“A gente sabe que o torcedor está do nosso lado. E muitas vezes, o nosso desabafo é por causa deles. Porque a gente sabe que muito torcedor deixa de comprar o pão de cada dia, deixa de comer algo melhor para pagar seu sócio, seu ingresso e vir aqui”.
Responsabilidade
Depois de relatos fortes e bastante emocionados, Edson Ratinho afirmou que a diretoria poderia até querer tirá-lo do elenco. Mas garantiu que ele está dando o máximo de si ao clube. “Sempre fui profissional, homem, de caráter. Posso ser mandado embora hoje, mas ninguém vai falar ‘o Ratinho não treinou, deu o migué”.
Assim, ele concluiu ratificando sua responsabilidade sobre a fala. “Eu peço perdão se eu ofendi alguém, mas todas as minhas palavras foram conscientes. Depois do calor do jogo, eu estou consciente de tudo que eu falei aqui e assumo minha responsabilidade de tudo que saiu da minha boca”.
Leia a íntegra do desabafo de Edson Ratinho
“A palavra chave foi sobrevivência. Não só a nossa, mas para o clube. A gente sabe o quanto o clube está carente. Imagina se o clube fica sem calendário agora no fim do ano. É um alerta, um desabafo meu. A diretoria tem que estar mais ao nosso lado, tem que jogar junto”.
“Não é só torcida, jogador e comissão, a gente já esta junto. O grupo está unido. O que esse grupo está fazendo aqui, eu tenho certeza, eu cravo, nenhum outro grupo, nenhum outro jogador fez o que a gente está fazendo aqui. Ninguém”.
“Por todas as dificuldades, a gente dá a cara a tapa aqui. Se não vai dar, a gente quer ganhar por 3×0, 4×0, mas a situação não dá. Futebol, tem hora que Deus abençoa a equipe que está mais correta. Não tem para onde correr”.
“No futebol, a bola pune. É o ditado do Muricy que viralizou e é a mais pura verdade. A bola pune. Se as coisas não estiverem corretas. Quando eu falo isso, muitas vezes o torcedor acha que jogador é mercenário, principalmente aqui no Brasil”.
“No Brasil, jogador não se pronuncia porque é taxado como mercenário. Mas me diga, quem é que está ganhando rios de dinheiro aqui no Santa Cruz, nessa situação que está, para querer ser mercenário?”
“Quando a gente fala, quando eu falo, eu estou brigando pelo meu e pelo dos meus companheiros. Mas, principalmente pelo dos funcionários. Eu vou desabafar aqui hoje. Nesta semana, eu precisei fazer pix para funcionário comprar gás de cozinha”.
“Isso dói em mim, porque eu sou pai de família. Ver um cara pedindo ajuda para comprar gás de cozinha? Eu sou pai de família. Eu se de onde eu vim, sei das minhas origens. Uma das coisas que eu tenho é palavra, de cumprir com aquilo que eu falar”.
“O Rato falou isso, ele vai cumprir. Se eu não for cumprir, eu não falo. Então, eu desabafo porque eu já quis falar isso. Presidente, diretores têm que estar do nosso lado, têm que jogar junto. Têm que estar aqui, do nosso lado não adianta”.
“Têm que cobrar. A gente não teve uma cobrança, p****. Time que quer chegar tem que cobrar, c******. A diretoria não cobrou ninguém. Mas por que eles não cobraram? Porque estão devendo, estão com rabo preso, essa é a verdade”.
“Isso é um desabafo meu. Eu assumo toda a responsabilidade de todas as palavras que eu falei aqui. Não existe ter uma semana como a gente teve e não vir presidente, não vir diretor para reunir o jogador e passar a importância”.
“Tem muitos jogadores, não digo aqui, mas atletas, a nossa classe, que não se pronunciam. Mas eu não. Onde eu passei, sempre fui profissional, homem, de caráter. Posso ser mandado embora hoje, mas ninguém vai falar ‘o Ratinho não treinou, deu o migué.’ Isso de mim não”.
“Eu estou aqui desde o dia 7 de fevereiro e não deixei de treinar um dia, nem vou deixar. Por causa disso. Por causa disso, eu sou homem. Agora, a diretoria, se quiser subir, não é só chegar e ficar convocando torcedor para vir para o estádio”.
“A gente sabe que o torcedor está do nosso lado. O que essa torcida faz aqui não existe no mundo. Não existe no mundo. Você vai ver clube na Série A sem a média de público que o Santa Cruz tem na Série D”.
“Então, a gente sabe que o torcedor está do nosso lado. E muitas vezes, o nosso desabafo é por causa deles. Porque a gente sabe que muito torcedor deixa de comprar o pão de cada dia, deixa de comer algo melhor para pagar seu sócio, seu ingresso e vir aqui”.
“A gente sabe que o torcedor está do nosso lado. A gente sabe que os caras estão machucados. Mas estão machucados, muitas das vezes, pelo histórico do clube. E muitas das vezes a gente está pagando por algo lá de trás”.
“Então, eu peço perdão se eu ofendi alguém, mas todas as minhas palavras foram conscientes. Depois do calor do jogo, eu estou consciente de tudo que eu falei aqui e assumo minha responsabilidade de tudo que saiu da minha boca”.
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