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SAF, Recuperação Judicial, projetos para o futebol e mais: os planos de Bruno Becker caso seja presidente do Náutico

Foto: Tiago Caldas/CNC

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Candidato conversou com a reportagem do NE45 e falou sobre os principais pontos da eleição alvirrubra

Candidato a presidente pela chapa “Todos pelo Náutico”, o advogado Bruno Becker tem como vice a jornalista e ex-diretora Tatiana Roma. Eles integram o grupo de oposição, que passou por mudanças até chegar na configuração atual. Diferentemente de Alexandre Asfora, o concorrente, Bruno Becker vai para a segunda eleição – em 2021 foi terceiro lugar, abaixo de Plínio Albuquerque e o eleito Diógenes Braga.

Bruno Becker atuou como vice-presidente jurídico na gestão Edno Melo, mas saiu antes do término do mandato do ex-mandatário. Pouco depois lançou sua candidatura, porém não conseguiu obter êxito. Agora, por sua vez, tenta o que a oposição não consegue desde 2015: ganhar uma eleição.

Para ser presidente do Timbu, contudo, Becker terá que superar Alexandre Asfora, que se coloca como candidato independente. A eleição alvirrubra é no próximo domingo (12), a partir das 8h às 17h.

Bruno Becker - Náutico
Foto: Tiago Caldas/CNC

Confira a entrevista com Bruno Becker

Por que ser presidente do Náutico?

Porque eu acredito que o Náutico é viável, eu acredito no projeto construído, no grupo de apoio que essa chapa tem, pela forma como meu nome foi escolhido, sem imposição, mas com debate e diálogo. E, antes de tudo, por me sentir preparado para o cargo. A oposição vem, desde o início, dialogando em vários grupos de oposição que existiam. Até que se chegou no nome de Dr. Aluísio (Xavier), que era um nome de consenso, e eu vinha dizendo que a oposição deveria lançar uma única chapa, que é o que tem agora.

E, naquele momento, o nome de Aluísio foi o que conseguiu aglutinar todo mundo. Houve a questão da impugnação e, como sempre foi na oposição, foi debatido e se chegou ao meu nome após muito debate. Não foi uma escolha de duas, três pessoas, mas do grupo. Todos os grupos de oposição se juntaram num grupo só, que é a nossa chapa.

SAF, modelo e garantias

Me sinto muito confortável para falar desse tema, porque falo de SAF há dois anos. Falava da necessidade de o Náutico entender as oportunidades que a legislação permitiria. No caso do Náutico é mais do que uma realidade, é uma necessidade, porque nós temos um plano de Recuperação Judicial (RJ) para ser honrado, então a SAF tem um papel fundamental na quitação dessa dívida.

Sobre o modelo, penso que tem que ser um modelo com viés desportivo, que englobe categorias de base ao profissional, tanto futebol masculino quanto feminino. Porque, através do modelo com viés desportivo, e obviamente com investimento, é que se conseguirá revelar atletas e ter um time forte, conquistando os acessos até chegar na Série A e estar disputando títulos, tudo dentro de um planejamento. O primordial é esse projeto desportivo, mas sem perder o pagamento das dívidas e investimentos. Um modelo de SAF que consegue agregar esses três fatores é o ideal.

No caso do Náutico, pelas informações que a gente tem, são informações boas, que têm um indicativo bom e que a SAF que negocia com o clube, dentro das informações que temos, está no caminho certo. Sobre as garantias, a própria legislação já traz algumas garantias, mas penso que a maior garantia é que não pode haver, além das mudanças de cores, do hino e escudo, não pode haver venda de patrimônio. Isso é uma garantia básica. E, do outro lado, a garantia de que os aportes deverão ser feitos.

As informações que eu tenho, que já foram divulgadas, além de outras que eu tenho e não posso revelar pela confidencialidade, me dão indicativo de que o projeto está sendo bem desenhado. É um projeto bem desenhado. Se eu for eleito, penso que o primeiro passo é conversar com os investidores, já na condição de presidente, para entender mais e dar seguimento. Obviamente que tem que passar pelo Conselho Deliberativo, porque quem aprova é a Assembleia Geral de Sócios. Mas penso que já se pode iniciar conversas mais avançadas e o início de uma transição com o participante da SAF.

Luiz Felipe é amigo, trabalhamos juntos. Penso que qualquer alvirrubro que queira entender mais da SAF tem que conversar com ele. Ele está liderando esse processo, juntamente com os escritórios contratados. O que posso dizer é que Luiz Felipe terá um papel relevante, principalmente na transição. Lembro que o presidente eleito neste domingo só assume o clube em janeiro. Até 31 de dezembro é necessário que seja feita a transição. E Luiz Felipe terá um papel importante. Conto com ele para que as coisas continuem avançando de forma correta e célere para que essa SAF seja implantada o quanto antes.

Fica difícil fazer uma previsão. Se dependesse de mim, já queria iniciar janeiro com a SAF implantada, mas é um tempo que não depende do presidente executivo. Quem pauta isso é o Conselho Deliberativo. E, ao final, falta a Assembleia Geral de Sócios. Não tem como cravar, mas talvez nos próximos cinco meses nós já estejamos com a SAF implantada.

Recuperação Judicial

Sem dúvida com a SAF teria muito mais tranquilidade. A SAF tem um papel de extrema relevância. Agora, num cenário sem SAF, o clube tem algumas receitas, como os valores a receber da Arena de Pernambuco, que seria todo destinado para o pagamento do plano de credores, além de viabilizar outras receitas. O que não pode é deixar de honrar os compromissos, porque traz consequências danosas ao clube. Quando eu era vice-presidente jurídico do clube, durante uma audiência, eu sinalizei que os clubes daqui precisariam a pensar numa Recuperação Judicial, porque a conta não fecha, principalmente a trabalhista, que é muito alta. A trabalhista é negociada na RJ, a tributária e a fiscal não entram. Mas a trabalhista é negociada no plano de credores. Era um caminho inevitável.

Que bom que o clube entendeu, mesmo após a minha saída, que era de fato o caminho. E entendo que a RJ está sendo muito bem conduzida pelo escritório de Rodrigo Cahu Beltrão, tenho certeza que vamos conseguir alcançar o objetivo final. Eu acho que facilita (ter a SAF), porque tem a garantia. Não vejo isso como obstáculo ao ponto de se chegar um nível de os credores se recusarem a negociar porque teria um investidor. Acho que não dificulta, acho que ajuda porque se tem a certeza de que aquele plano vai ser honrado.

Liga Forte Futebol e Libra

Acho que o Náutico tem que analisar o mercado, como essas negociações poderão acontecer, entender o cenário internamente na questão financeira, o que mais uma vez está atrelado para a SAF, de modo que a gente não pode deixar de negociar. Acho que foi uma decisão acertada. Enquanto conselheiro eu entendi que foi uma decisão acertada em não assinar por esse valor. Mas, nos próximos meses, o clube terá que tomar uma decisão, com critérios e entrar em uma das ligas. Quem não entrar nesse cenário vai ficar muito para trás.

Eleições_Náutico_Aflitos
Foto: Tiago Caldas/CNC

Composição do departamento de futebol

Sou candidato a presidente do clube, e não a vice-presidente de futebol. Acho que o futebol tem que ser gerido por uma equipe de profissionais remunerados, com um executivo de futebol e todo o staff. Todos remunerados. E, no meu entendimento, tem que haver a figura do diretor não remunerado, mas com uma característica diferente do que aconteceu no Náutico nos últimos anos. Não é o diretor não remunerado que vai ter a palavra final, não é isso. Ele vai estar lá para verificar se os remunerados estão trabalhando de acordo com as diretrizes traçadas. E essas diretrizes foram traçadas pelos remunerados. Então a figura do diretor não remunerado é de fiscalizar o cumprimento do projeto, discutir se é necessário algum ajuste, fazer essa interlocução entre a presidência e demais áreas do clube e staff remunerado. Futebol não pode ser tratado como uma ilha dentro do clube. Uma contratação do jogador envolve o departamento jurídico, de marketing, financeiro. Um diretor não remunerado tem papel importante nessa função.

Seriam três membros não remunerados, que é justamente para fazer esse trabalho de interlocução, e todo o staff remunerado – executivo de futebol, analista de desempenho, supervisor e gerente de futebol. Todo o staff, desde a base, até a figura maior, que é o executivo de futebol remunerado. O que não haverá é a figura do vice-presidente futebol não remunerado. Os três diretores não remunerados vão estar no mesmo patamar, com as mesmas atribuições.

O grupo que vem trabalhando nesse projeto de futebol já vem conversando com alguns nomes. Não só de executivos, mas de treinadores, preparador de goleiros, profissionais para a base. Uma vez eleito, no prazo máximo de uma semana, a gente tenha condições de anunciar alguns desses nomes, porque o calendário é apertado, a gente tem que fazer pré-temporada. Então tem que ter esses nomes definidos e no clube o quanto antes. Lógico que vamos precisar da ajuda da atual gestão porque o presidente eleito no domingo só assume em janeiro. Então os contratos desses atletas precisam ser assinados pela atual gestão.

Sobre os nomes, posso citar Paulo Pontes, Eduardo Henriques, Ítalo Alves, Thiago Dias, Nelson Melo, Alexandre Homem de Melo… São nomes que, de alguma forma, dentro da experiência de cada um, vários já passaram pelo futebol do clube, então conhecem o futebol do clube, então podem ajudar junto com o staff remunerado na assertividade dos melhores nomes.

Perfil do treinador

Primeiro a gente precisa não perder de foco a questão orçamentária. É importantíssima. Se acha o perfil, mas aquele perfil não se enquadra no orçamento. Então tem que equacionar isso aí. Ou o profissional vem dentro do orçamento ou temos que buscar alguma ponte que custeie o profissional. O que não pode é contratar e não pagar. Isso não existirá.

Tem que ser um treinador que entenda que o projeto do clube é um projeto que o objetivo maior é o acesso à Série B, mas não pode ser negligenciado o projeto no início do ano, porque o Campeonato Pernambucano classifica para a Copa do Brasil. Um insucesso no Campeonato Pernambucano vai ter como efeito o que está acontecendo, com a gente sem Copa do Brasil em 2024. Então o executivo e treinador precisam entender isso. E também que entendam da competição (Série C).

Não adianta trazer profissionais que não entendam da dificuldade e das características da Série C, que tende a ser muito mais difícil do que foi esse ano. Basta olhar os times que já caíram para a Série C e aqueles que estão perto de cair. Vai se desenhando uma Série C muito competitiva. Então os profissionais precisam entender isso.

Qual o valor da folha salarial

Essa questão da folha é interessante, porque não é só chegar e dizer um número. É apenas um exemplo. Se eu fixar um valor de R$ 600 mil, isso é bruto ou líquido? Se for bruto, isso vai cair para R$ 450 mil líquido. E penso que é uma folha baixa para competir. E se você pegar esse valor e transformar numa folha líquida de R$ 600 mil, o valor bruto vai ser acima de R$ 700 mil. Parece um valor alto, mas se nessa folha tiver atletas, em parceria com clubes, que vão pagar os salários de alguns atletas. Então, efetivamente, a folha não vai ser R$ 700 mil, porque uma parte vai ser paga pelos clubes de origem. O mais importante é o Náutico não estourar orçamento, não se endividar e montar um elenco competitivo.

Eu diria que uma folha líquida de R$ 500 mil já dá para começar a trabalhar, logicamente que deixando margem para o restante do ano, pois existem lesões, reposições, então essa folha pode variar. Mas é um bom número para começar a trabalhar. Eu não acredito em folha de R$ 300 mil. A folha atualmente é um valor que passa de R$ 120 mil, R$ 150 mil. Então como eu vou fazer uma folha de R$ 300 mil se eu já tenho um custo de R$ 150 mil? Por isso que eu penso que o trabalho nessa folha de R$ 500 mil é razoável. Desde que não extrapole o orçamento. A folha total tende a ser mais alta, mas o clube não vai desembolsar tudo aquilo.

Aflitos

Eu penso que em qualquer cenário os Aflitos precisa ser modernizado, com ou sem SAF. Obviamente que o modelo com SAF é um, sem SAF é outro. O clube precisa buscar investidores para viabilizar essa modernização. E quando falo de modernização não são apenas melhorias pontuais, mas sim de fato uma modernização. Estamos no cenário de futebol profissional, no futebol negócio, que gera dinheiro. O clube precisa se fazer presente.

Como você pode trazer uma experiência no dia do jogo que gere bem-estar, que gere lucro, se você não dá essa estrutura? Sem dúvidas que tem que ser feito, com muito cuidado, sem vender patrimônio, mas algo que mude de patamar, e não apenas com melhorias pontuais. Porque fica a impressão que quando você reforma um banheiro num lado, nos outros não andam. Tem que ser feito algo estrutural de fato.

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