A cada rodada este post vai sendo atualizado e o recorte ficando mais contundente. Os confrontos diretos entre os 12 clubes que têm se alternado na faixa de risco da classificação confirmam a dificuldade de atuar como mandante. Eram sete jogos. Agora já são 13 e apenas um mandante deste “Z12” conseguiu vencer um confronto direto. Foi o Red Bull Bragantino na goleada por 4 x 0 sobre o Bahia. Nas outras doze partidas, três empates e nove derrotas dos donos da casa.
Não há mais como tratar como uma coincidência. A leitura imediata é que esses times têm em comum a dificuldade em lidar com a obrigação de vitória. Acabam se expondo mais, se precipitando mais e, inevitavelmente, errando mais. Por caminhos diferentes, claro. Existem os times com enorme limitação técnica – casos de Goiás, Botafogo, Coritiba, Vasco e Sport. Essas equipes não têm repertório ofensivo suficiente para se impor mesmo diante de adversários do mesmo porte. Assim, acabam mais vulneráveis justamente quando se sentem na obrigação de vencer de toda forma. A própria casa se transforma em uma armadilha. As derrotas do Sport para Vasco e Atlético/GO talvez sejam os exemplos mais didáticos, afinal o time de Jair Ventura demonstra uma maior solidez em jogos longe do Recife.
Neste campeonato paralelo pela permanência, a frieza e a estabilidade são pilares de sustentação obrigatórios. Mas – claramente – a condição de mandante nos confrontos diretos mina esses pilares. O “tudo ou nada” quase sempre termina em nada. Voltando ao exemplo do Sport. Se tivesse empatado seus dois últimos confrontos diretos na Ilha teria 27 pontos, seria o 15º colocado com 5 pontos de vantagem para o Z4. E, pelas atuações anteriores e posteriores do Leão fora de casa, dois empates eram resultados relativamente seguros para administrar.
Seriam resultados ruins pro Sport? Sim. Mas ainda piores para os adversários. E é isso que importa. Neste momento, a disputa na região próxima ao Z4, lembra uma regata de iatismo valendo medalha. Às vezes não deixar que seu adversário direto se movimente é mais seguro do que buscar um vento incerto para tentar vencer a corrida. Um questionamento que cabe para um Bahia desfigurado diante do Ceará ou para um Botafogo diante de um time com força de contra-ataque como o Fortaleza.
Particularmente me parece necessário uma mudança no planejamento de campanha dos clubes. Em uma temporada atípica – sem torcida nos estádios e com um maior nivelamento das equipes -, a ideia do “jogo com obrigação de vitória” se tornou uma armadilha. Neste Campeonato Brasileiro, para os clubes que ainda buscam a permanência, todo ponto tem um peso gigantesco. Nos confrontos diretos, ainda mais.
Os jogos do recorte:
Coritiba 0 x 0 RB Bragantino
Bahia 0 x 2 Ceará
Fortaleza 0 x 0 Corinthians
Vasco 1 x 4 Ceará
Fortaleza 1 x 1 Goiás
Coritiba 0 x 1 Corinthians
RB Bragantino 4 x 0 Bahia
Botafogo 1 x 2 Fortaleza
Sport 0 x 1 Atlético/GO
Goiás 0 x 1 Athletico/PR
Coritiba 1 x 2 Bahia
Sport 0 x 2 Vasco
Botafogo 1 x 2 RB Bragantino
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