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Sabatina: NE45 ouve Joaquim Bezerra, candidato à presidência do Santa

Foto: Divulgação/Pró-Santa

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Nesta quinta-feira (11), o Santa Cruz viverá a sua primeira eleição da década, quando os sócios votantes vão até o Arruda para decidir o futuro do clube no próximo triênio 2021-2023. Um pleito que se desenha como um dos mais disputados dos últimos anos, e que será fundamental para ditar o rumo do futuro do clube a curto/médio prazo.

E a equipe do NE45 entrou em contato com os três candidatos à presidência do Santa Cruz. Nesta matéria, seguem os principais posicionamentos de Joaquim Bezerra, candidato de oposição pela chapa ‘Pró-Santa’, sobre os sete pontos que foram abordados na sabatina – iguais para os três candidatos: futebol, finanças, patrimônio (CT, Arruda), arrecadação além dos jogos, sócios, reforma do estatuto e relação com as demais chapas.

NE45 – Queria que você traçasse uma lista de prioridades da chapa do ProSanta em relação ao departamento de futebol do Santa Cruz. Desde montagem de elenco, manutenção ou não da comissão técnica e diretoria executiva, mas também do uso de jogadores da base… E também sobre o investimento que vocês pretendem fazer para gerir o departamento nesses próximos três anos. 

JB – São entre 19 ou 20 dias para poder colocar o time novamente em campo, e o que a gente precisa é ter uma equipe para disputar os campeonatos no início do ano. Seria uma irresponsabilidade nossa se no primeiro dia do mandato, desmontasse a comissão técnica e o time, porque a gente não tem condições de em 20 dias montar nenhum time. E o que a gente vai ter que fazer é um período de verificação dos jogadores que estão disponíveis, das pretensões do técnico Marcelo Martelotte e qual é o planejamento que ele tem para o Santa Cruz, quais as pretensões do Nei Pandolfo (executivo de futebol( e qual é o planejamento que ele tem para o Santa Cruz. Isso tudo vai ser avaliado para que a gente possa definir qual a melhor equipe e comissão técnica para gerir o futebol do Santa Cruz. 

A gente não vai poder gastar mais de R$ 400 mil por mês, juntando departamento de futebol com comissão técnica e elenco. Nós vamos ter que apertar os cintos, porque não existe receita disponível para isso. Então o planejamento financeiro está sendo feito dessa forma. 

Nós precisamos ter um clube, um time, principalmente na condição que a gente está hoje, com grande parte dos jogadores da divisão de base. Mas não fazer da base e jogar em cima dela a responsabilidade do resultado dentro de campo, porque esses garotos são aprendizes de um futebol. Então, tudo isso precisa ser uma coisa que precisa ser estudada. 

E o futebol do Santa Cruz é o coração do Santa Cruz, é a atividade principal do clube, e ela precisa ser pensada em conjunto, por um comitê. Nós vamos ter um comitê gestor para pensar a estratégia do futebol e nós vamos ter as pessoas que vão executar as estratégias. É dessa forma que assim a gente possa vir a ter um futebol vencedor. 

NE45 – O Pró-Santa já estabeleceu em cartório declarando que a primeira ação da gestão vai ser lutar pela reforma do estatuto nos moldes do que já foi estabelecido pelo Movimento Intervenção Popular Coral (IPC). Em quanto tempo seria estabelecida essa mudança de estatuto e se vocês têm essa certeza de que vai ser realizada. 

JB – No primeiro dia de mandato vamos publicar um edital convocando a Assembleia Geral de Sócios para votar na reforma do estatuto. A reforma não acontecerá se a assembleia geral de sócios for contrária. E aí vamos voltar todo movimento para esclarecer essa assembleia, o que está contemplado dentro dessa reforma, para que esse estatuto possa ser votado e assim aprovado. 

NE45 – Existe a proposta de universalizar o direito ao voto em todas as categorias, até porque os sócios serão fundamentais nas eleições do Santa Cruz nos próximos anos. Como vocês planejam essa nova modalidade de sócios e se existe algum pensamento para anistia/ como é ́que vocês estão planejando a carta de sócios do Santa Cruz para o próximo triênio. 

JB – A primeira coisa que vamos fazer é recadastrar todos os sócios. Porque isso é uma ação que está na Justiça, correndo há quatro anos. Dentro de uma lista de 15 mil nomes, apenas três mil pagam mensalidade, eles continuam lá quando como sócios, porque na época de eleição eles são atualizados sabe-se lá por quem para votar. E aí nós vamos fazer um recadastramento, para saber quem são os verdadeiros sócios do Santa Cruz. Depois disso vamos restabelecer a condição do sócio ter os seus dependentes, figurando dentro do mesmo plano e com um valor que não venha afetar sua contribuição. E, por fim, o retorno dessa contribuição através de benefícios. Precisa-se criar um plano de benefício para o sócio, para que não seja uma via de mão única, o sócio tendo a única obrigação de contribuir. E isso nós vamos acabar. O nosso plano de sócios prevê benefícios e retorno para o sócio. E aí com o restabelecimento da credibilidade, a gente acredita que novos sócios virão a aderir ao programa. A gente acredita que no primeiro ano você consegue uma meta de ter de 15 a 20 mil sócios, dependendo muito das condições econômicas – e aí é uma questão conjuntural – mas é também muito mais da credibilidade do sócio para com a associação. Se a gente tirar de lado esses fatores que são conjunturais, a gente acredita que vamos chegar aí em 15 mil sócios até o final de 2021. 

NE45 – No final do ano passado, a Sports Value fez um estudo – a partir de uma análise de potencial econômico de cada clube – e ranqueou os 30 clubes mais valiosos do Brasil. E, no G7 do Nordeste, o Santa Cruz ficou em terceiro (atrás do Bahia, em primeiro, e Sport, em segundo), mas desbancou Ceará e Fortaleza, equipes que estão na Série A – justamente pelo diferencial do Arruda, do quanto a propriedade vale. 

Mas aí, trazendo para a frieza da realidade, é visível que o Arruda, o maior patrimônio do Santa Cruz, é deixado à mercê – apesar da reforma no estádio ter sido feita e ter dado uma nova repaginada no estádio -, assim como as demais dependências do estádio. O ProSanta bate muito na tecla da reforma da fachada, mas o que vai ser feito além disso para revitalizar outras áreas que envolvem o complexo do Arruda? E também quais os planos do ProSanta para o CT? 

JB – Eu vi esse estudo com relação ao valores dos clubes. E há uma distorção grande no estudo, porque ele foi feito em cima de um balanço. E normalmente quando você faz um valor em cima de uma empresa, de uma marca, você faz efetivamente em cima dos números contábeis. E como é que se chegou a esse número? Se você pegar o balanço revisto em 2017 e 2018, o patrimônio do Santa Cruz foi reavaliado pelo custo de aquisição. Então você imagine o seguinte: se fosse se montar, hoje, o estádio do Arruda, o custo de construção civil e com valor de terreno, ele valeria uns R$ 200 milhões que se colocou aqui dentro do imobilizado do clube. Basta você passar na frente do Santa Cruz e olhar para lá e ver a situação aparente do nosso patrimônio, que é totalmente degradado e depredado. Então, se você fosse efetivamente fazer o estudo do Santa Cruz, desconsiderando a questão contábil, ele certamente cairia aí para R$ 70 milhões, porque só valeria o terreno.

O estádio, do jeito que ele está, precisa passar por uma reforma muito, mas muito grande. Tanto é que a fachada, que a Pamesa já doou ou permutou as cerâmicas para colocar lá há mais de três anos porque, segundo Roberto Freire (candidato da situação), existe um problema estrutural, e esse problema estrutural faz com que não se consiga colocar as cerâmicas para fazer uma fachada pelo menos que apresente higiene. Porque hoje lá no Arruda só tem lixo no chão. E é uma falta de zelo no clube. Esse estudo que foi feito foi totalmente distorcido, é porque não sabem como é que está o estádio. Então ,à luz das demonstrações contábeis, é esse o valor apresentado. Mas, à luz dos nossos olhos, nós sabemos que não é.

Falamos que nós temos um CT. Nós não temos um CT. Nós temos um terreno da venda de Gilberto lá em 2011, e esse CT hoje é um campo de futebol, que para mim é um campo auxiliar do Arruda, já que os jogadores não podem jogar, treinar no Arruda, porque se não vai deteriorar o Arruda, eles têm que treinar lá. Campo esse que foi feito com muito sacrifício do pessoal dos tricolores do CT. Eu diria que esse pessoal tem 80% de mérito na construção disso, e o clube deve ter 20%. Então, foi apresentado nessa gestão um projeto de Lei de Incentivo que dava recursos na ordem de R$ 8 milhões de incentivo fiscal, imposto de renda, ao invés do contribuinte pagar o imposto de renda a Receita Federal, ele se utiliza da Lei que beneficia, assim como a Lei Rouanet para Cultura, e esse projeto simplesmente foi desprezado pela atual gestão.

O CT Waldomiro Silva está sendo desapropriado pela Prefeitura, e o valor que se fala é de R$ 10 milhões. Então, nós precisamos destinar pelo menos 70 a 80% desse valor para que ele seja investido no CT Rodolfo Aguiar, se é que nós queremos ter um CT. Então, na nossa gestão, esse dinheiro vai destinado ao CT e às categorias de base do clube. 

NE45 – Qual a projeção para captação de recursos além dos jogos, já que o retorno ao futebol com público ainda não tem previsão para acontecer. 

JB – No nosso projeto, você passa além do Arruda, além da fachada, o Arruda é uma quadra inteira totalmente inutilizada. Então, você tem como viabilizar economicamente toda aquela área do Santa Cruz para fins lucrativos. Onde você passa, você tem uma Drogasil, Extrafarma, PagueMenos, será que não interessa a essas grandes redes de farmácias ter uma na espetacular esquina da Avenida Canal com a Avenida Beberibe, ou na Rua das Moças com a Avenida Beberibe? Será que não interessa às Lojas Americanas, ter uma Americana Express, ter uma American Express na frente do Big Bompreço? Será que não interessa ao Magazine Luiza colocar alguma coisa ali? Será que não interessa à Habib ‘s ou a Subway colocar alguma coisa ali? Existem formas, existem meios para captar recursos, investidores para o clube, só basta vontade. O Santa Cruz tem uma marca centenária e tem sócios e torcedores fiéis, então eles precisam ser valorizados. O Santa Cruz é um celeiro de oportunidades, mas essas coisas só vão chegar se houver seriedade, transparência e prestação de contas. 

NE45 – Em agosto de 2020 o Santa Cruz divulgou um balanço financeiro revisto, uma vez que ainda faltava a análise dos balanços referentes aos anos de 2017 e 2018. No total, a dívida do Santa Cruz é de R$ 172 milhões. Qual vai ser o planejamento de vocês para diminuir a dívida? De onde vão tirar/captar receitas para reduzir o débito?

JB – O que a gente vai fazer? Primeiro, uma associação sem fins lucrativos não pode entrar num processo de recuperação judicial, como as empresas. Mas ela pode entrar num sistema de recuperação extrajudicial através de um condomínio de credores. E é factível e possível a gente enquadrar o Santa dentro de um sistema de condomínio de credores. E como isso será feito? Pela divisão de base do clube. A partir do momento que você tiver uma divisão de base que tenha condições dos jogadores serem propriedade do clube, nós vamos destinar um percentual da venda e comercialização dos direitos econômicos e federativos do jogador para que eles sejam canalizados e capitalizados para esse condomínio de credores. 

NE45 – Como vai ser a relação do Pró-Santa, caso vença as eleições, com a oposição?

JB – A partir do momento que a gente ganhar a eleição, o que a gente precisa é agregar o máximo de força daquelas pessoas que queiram contribuir com o Santa Cruz. Nós não podemos compactuar com pessoas que se apropriaram do Santa Cruz durante décadas para promoção pessoal ou promoção do seu patrimônio. O que a gente precisa fazer é: uma vez terminadas as eleições, procurar os bons profissionais que existem, para que eles continuem contribuindo com o Santa Cruz. É assim que eu entendo, é assim que eu trabalho e é assim que será.

NE45 – Quais as suas considerações finais? Algo que seja relevante apontar além do que foi perguntado?

JB – Eu diria o seguinte. Nunca a oposição chegou tão organizada para concorrer a uma eleição. Nós construímos um projeto ao longo de dois anos, nós construímos uma união de pessoas em torno desse projeto, nós não fizemos alianças e conchavos com ninguém. As pessoas que estão vindo se agregar a esse projeto, elas estão vindo porque elas entendem que o projeto do Pró-Santa é o melhor para mudar o Santa Cruz. E o que eu peço é que no dia 10, na quarta-feira, todos os torcedores que querem mudança do Santa Cruz estejam lá porque a gente precisa fiscalizar essas eleições, a gente precisa fazer com que o Santa Cruz mude, e só uma mudança radical, através do voto, da fiscalização, das pessoas que estão lá – e eu convoco vocês da imprensa que estejam lá também presentes para poder ajudar na fiscalização e na lisura das eleições do dia 10. É muito importante a presença de todos aqueles que querem um Santa Cruz melhor.

Confira o áudio completo da sabatina com Joaquim Bezerra

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