A política do Sport vive uma das suas maiores crises desde a sua fundação. Após a renúncia do presidente Milton Bivar, e logo após do vice-executivo, Carlos Frederico, o Conselho Deliberativo (CD) definiu que seu presidente, Pedro Lacerda, assumirá o posto de vice-presidente executivo provisório no prazo de 90 dias até a realização de uma nova eleição, ainda a ser decidida, na próxima segunda-feira (21), se será indireta (via conselheiros) ou direta (via sócios aptos a voto). Situação que contraria o estatuto do Rubro-negro.
A reportagem do NE45 entrou contato com os três candidatos de oposição que concorreram às últimas eleições do Sport, realizadas em abril, e que contaram com a vitória apertada de Milton Bivar. Delmiro Gouveia, Nelo Campos e Eduardo Carvalho demonstraram indignação com o cenário em que o clube se encontra no momento. Em comum na fala dos três, eles destacaram que o estatuto do Rubro-negro foi “rasgado”, o processo é ilegal e é uma “vergonha”. Questão que endossa o coro de torcedores, que, inclusive, protestaram na Ilha do Retiro pedindo por eleição direta.
Os três representantes, inclusive, devem entrar com um processo na Justiça caso as eleições para o cargo de presidente do Sport não seja realizado de maneira direta, através da votação com os sócios. Para isso, aguardam a reunião do Conselho Deliberativo na próxima segunda.
Confira a opinião dos três ex-candidatos
“Minha opinião é que o próprio conselho desrespeita o estatuto. Se o estatuto fala que em 15 dias devemos ter eleições, então, de imediato, deveria se preparar e convocar o edital para essas eleições. É a mesma tentativa de pessoas que querem se perpetuar na direção do clube por vias transversas. Pessoas que não foram eleitas pelos votos. Ninguém foi lá votar em presidente do Conselho para assumir cadeira executiva. Então isso, para mim, é o que nos deixa preocupados. Pessoas que não têm credibilidade estão gerindo o clube. O próprio presidente do conselho (Pedro Lacerda) convocou uma reunião para ele mesmo ser o vice-presidente interino do executivo. CD e executivo sob um comando só, mesmo que provisório. É vergonhoso”, afirmou Delmiro Gouveia.
“É indecente, imoral, rasgaram o estatuto do Sport. Acho um absurdo o que fizeram. Não respeitaram as pessoas que criaram essa história, que criaram o Sport Club do Recife. O clube é o que ele é hoje por isso. Mas rasgaram a decência, a moralidade de um Conselho Deliberativo. Deram uma aula de como não se faz uma democracia por terem rasgado o estatuto. É uma vergonha mesmo”, corroborou Nelo Campos.
“Este mesmo grupo agora, surpreendido por esse abandono do barco patrocinado por Milton e seu vice, eles sabem que o estatuto determina que as eleições sejam diretas, e que se forem diretas, eles perdem. Então, como estão no ‘poder’, estão patrocinando um golpe de modo a tentar convencer quem for desinformado, que há a necessidade de se fazer, de forma indireta. Mas é ilegal. A sessão (do CD) foi ilegal do início ao fim, em vários aspectos. E a deliberação também foi ilegal, porque não há previsão para que haja essa designação do presidente do conselho (Pedro Lacerda) para que ele seja colocado como presidente executivo provisório. Ele não pode acumular. Ele deveria ter renunciado à presidência do conselho e deveria instaurar o processo de ‘diretas já’ em 15 dias”, pontuou Eduardo Carvalho.
O que diz o estatuto?
O procedimento vai de encontro ao pregado pelo estatuto do Sport, tanto pelo prazo máximo estipulado quanto pela indefinição da modalidade do pleito. De acordo com artigo 88, único que aborda a vacância simultânea dos cargos no estatuto, deve ser realizada uma eleição, primeiramente, pelo Conselho Deliberativo, ou seja, indireta.
Porém, ainda de acordo com o artigo 88, também precisa ser observado o que aborda o artigo 86, que no contexto atual do Sport diz respeito à renúncia de Milton Bivar antes da metade do mandato – foi reeleito em abril – e diz que a convocação do vice-presidente provisório – no caso, agora, Pedro Lacerda – deve ser feita em até 15 dias e de forma direta. Confira abaixo.

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