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Relatório aponta árbitros do NE escanteados na Série A e no VAR e concentração no eixo Sul-Sudeste

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O futebol brasileiro não é igualitário. Entre as cinco regiões do país, há grandes diferenças financeiras e estruturais para a instalação de clubes, desenvolvimento de campeonatos e formação de jogadores. Outro retrato pouco visado dessa disparidade, porém, reside na arbitragem, como foi relatado em levantamento recente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF), que revela que 70% das escalas de arbitragem do 1º turno da Série A foi composta por árbitros e assistentes do Sul e do Sudeste, entre campo e vídeo.

Segundo os números da organização, o Nordeste é a região intermediária na lista, seguida por Centro-Oeste e Norte. Por aqui, temos 19,3% dos profissionais de campo e 13,7% dos de vídeo, o que também relata uma disparidade tecnológica. Quando falamos só de árbitros e assistentes de vídeo (VAR e AVAR), a concentração de profissionais do Sudeste chega a 50%, frente aos 37% do campo.

O caso mais crítico vem do Norte, com 2,2% no campo e 0,5% no vídeo. Ao longo dos 183 jogos realizados no 1º turno do Brasileirão (sete partidas estão atrasadas), apenas um jogo teve VAR e um jogo teve AVAR do Norte. A distribuição das escalas é de responsabilidade da CBF.

Estados ausentes

Por ora, 12 estados ainda não tiveram nenhum árbitro central escalado para partidas da Primeira Divisão: seis do Norte (AC, AM, AP, PA, RO e RR), quatro do Nordeste (MA, PB, PE e SE) e dois do Centro-Oeste (MS e MT). Desses, Mato Grosso do Sul e Rondônia tiveram assistentes escalados. Para o vídeo, os estados sem representação são 14: seis do Norte (AC, AM, AP, PA, RO e RR), cinco do Nordeste (AL, BA, CE, MA e PI), dois do Centro-Oeste (MS e MT) e um do Sudeste (ES).

Assim, apenas 10 dos 27 estados brasileiros tiveram representação tanto com árbitros, como com assistentes, VAR e AVAR no primeiro turno da Série A. No Nordeste, o Rio Grande do Norte é o único que integra essa lista, ao lado dos três estados do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Tocantins. Do outro lado, o Maranhão ainda apareceu em nenhuma modalidade.

Entre esses estados que não contaram com representação em alguma categoria da arbitragem desta Série A, Pernambuco, Mato Grosso, Bahia e Ceará somam cinco clubes participantes do campeonato, 25% da disputa em campo, mas com grande sub-representação no apito.

Desequilíbrio técnico

Quando olhamos para o contexto geral do Campeonato Brasileiro, a disparidade passa a ter, também um nível técnico. Quanto mais acima está a divisão, mais é latente a disparidade que existe na representação das regiões na arbitragem brasileira. E a concentração de mais de 70% da equipe de arbitragem entre Sul e Sudeste na Série A cai para 46,7% na B, 34,1% na C e 35,9% na D.

O Nordeste também é um bom espelho para comparação. Como, no Brasil, a organização das equipes de arbitragem corresponde às federações de cada estado, a tendência seria de uma representação bem consolidada das regiões com mais estados, no caso, o Nordeste (9) e o Norte (7). A realidade, porém, é diferente.

O Nordeste é a terceira região com mais presença de arbitragem de campo na Série A, com 19,3%, mas sobe para segundo na Série B, com 27,4%, e lidera as Séries C e D, respectivamente, com 36,5% e 32,3%. Para o Norte, a lanterna nas três primeiras divisões com 2,2% dos profissionais de campo da Série A, 12,1% da B e 4,4% da C, vira um terceiro lugar na Série D, com 18,5% dos árbitros e assistentes.

Os efeitos da disparidade

Na interpretação da ANAF, esses números são o oposto do que a CBF deveria implantar para desenvolver a arbitragem brasileira. Segundo a entidade, há, nos últimos anos, um trabalho em defesa da expansão das escalas da arbitragem nacional para além do eixo Sul-Sudeste. A análise da associação também vê uma Série B mais próxima daquilo que interpreta como ideal, com, inclusive, bons nomes de fora desse eixo despontando na Segundona.

Afirmando que “competência não tem sotaque”, o presidente da organização, Salmo Valentim, alertou que essa concentração de oportunidades é motivo de questionamentos.

“Por que alguns estados têm tantas escalas e outros simplesmente não existem para a Série A? O que as comissões de arbitragem do eixo Sul-Sudeste têm feito para credenciar seus profissionais a tantas oportunidades em detrimento dos demais? E os árbitros e assistentes das demais regiões, como vão mostrar do que são capazes se não ganham chances?”.

Números do 1º turno do Campeonato Brasileiro

Série A (1º turno)

183 jogos realizados no 1º turno
38 árbitros escalados
74 assistentes escalados
24 árbitros de vídeo (VAR) escalados
33 assistentes de vídeo (AVAR) escalados
Por região (campo)
Escalas do Sudeste – 204 (37,2%)
Escalas do Sul – 164 (29,9%)
Escalas do Nordeste – 106 (19,3%)
Escalas do Centro-Oeste – 63 (11,5%)
Escalas do Norte – 12 (2,2%)
Por região (vídeo)
Escalas do Sudeste – 183 (50%)
Escalas do Sul – 93 (25,4%)
Escalas do Nordeste – 50 (13,7%)
Escalas do Centro-Oeste – 38 (10,4%)
Escalas do Norte – 2 (0,5%)

Série C (até 16ª rodada)

Por região (campo)
Escalas do Nordeste – 175 (36,5%)
Escalas do Centro-Oeste – 120 (25%)
Escalas do Sudeste – 113 (23,5%)
Escalas do Sul – 51 (10,6%)
Escalas do Norte – 21 (4,4%)

Série B (1º turno)

190 jogos realizados no 1º turno
71 árbitros escalados
155 assistentes escalados


Por região (árbitro)
Escalas do Sudeste – 57 (30%)
Escalas do Nordeste – 52 (27,3%)
Escalas do Sul – 33 (17,4%)
Escalas do Centro-Oeste – 26 (13,7%)
Escalas do Norte – 22 (11,6%)
Por região (assistente)
Escalas do Sudeste – 113 (29,7%)
Escalas do Nordeste – 104 (27,4%)
Escalas do Sul – 63 (16,6%)
Escalas do Centro-Oeste – 53 (13,9%)
Escalas do Norte – 47 (12,4%)

Série D (até ida da 2ª fase)

Por região (campo)
Escalas do Nordeste – 449 (32,3%)
Escalas do Sudeste – 299 (21,5%)
Escalas do Norte – 257 (18,5%)
Escalas do Centro-Oeste – 187 (13,4%)
Escalas do Sul – 200 (14,4%)

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