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Diretoria do Santa assumiu prometendo modernidade, mas leva clube ao inferno da Série D

Santa Cruz, PE, Série C, Últimas

Por Camila Sousa

Por Camila Sousa

Postado dia 17 de setembro de 2021

O dia 11 de fevereiro, apenas uma semana após o aniversário do clube, foi marcado por um sentimento de esperança no torcedor do Santa Cruz em dias melhores. Com 63,76% dos votos, a chapa de oposição liderada por Joaquim Bezerra e pelo vice André Frutuoso saia vitoriosa de um tumultuado processo eleitoral e assumia o clube com o compromisso de profissionalismo e modernidade.

No entanto, não demorou muito para que as promessas virassem apenas palavras ao vento, com o Tricolor finalizando a temporada 2021 como uma das piores da sua centenária história. E com o passaporte carimbado para a Série D, apenas dez anos após a primeira passagem do clube pelo fundo do poço do futebol brasileiro.

Um rebaixamento vergonhoso, mas acima de tudo, e por mais doído que seja no torcedor coral, merecido e consumado a uma rodada do término da primeira fase da Série C, com o empate em 1 a 1 do Floresta frente o Volta Redonda, neste sábado (18). Assim, melancolicamente, o time entrará em campo neste domingo para enfrentar a Tombense, no interior de Minas Gerais, já com o descenso sacramentado matematicamente. A conclusão de uma temporada em que nunca se viu tanto acúmulo de fracassos juntos e em tão pouco tempo no Arruda.


Vexames, eliminações e queda

Na Copa do Nordeste, o Santa Cruz foi eliminado de maneira precoce e na lanterna da competição, algo que desde 2013, com o novo formato do Regional, o clube jamais havia vivenciado. Na Copa do Brasil, mais um vexame, com a desclassificação logo na segunda fase para o Cianorte, em um jogo com atuação apática. No Pernambucano, a vergonha continuou.

Após correr o risco de não se classificar para a segunda fase e ter que disputar o quadrangular do rebaixamento (com direito a uma derrota humilhante para o Sete de Setembro por 2 a 0 no Arruda), a eliminação veio na semifinal para o Náutico, em jogo onde foi amplamente dominado. Derrota que pôs fim a uma invencibilidade de 11 anos em mata-matas sobre o rival. Finalmente, na Série C, a lanterna com apenas duas vitórias em 18 partidas.

Assim, somando toda as competições, nas 37 vezes em que o Santa Cruz entrou em campo, só saiu vitorioso em sete oportunidades, empatando outras 10 e perdendo incríveis 20 jogos. Um aproveitamento ridículo de 28%, o pior dos últimos 79 anos. A equipe chegou a passar incríveis 100 dias sem vencer uma única partida. No Arruda, foram 10 jogos seguidos sem superar nenhum adversário. Quatro meses e 20 dias. Na Série C, o primeiro triunfo só veio na 11ª rodada, já no returno. Tarde demais.

Estação rodoviária do Arruda

Desempenho fruto de um péssimo planejamento. Ao todo, o clube realizou 41 contratações. Muitas dessas contratações, nomes contestáveis como os meias Péricles, Marcos Vinícius, e o goleiro Marcão, sequer anunciado oficialmente pelo clube devido à enxurrada de críticas. Com essa fórmula, o número de dispensas também foi elevado. Das 41 contratações, mais da metade delas (21) já não fazem mais parte do clube, o que fez do Arruda quase uma extensão de um terminal de passageiros.

Planejamento mal feito desde o princípio. Isso porque, entre os remanescentes do elenco de 2020, duas saídas foram emblemáticas para ilustrar a má condução da diretoria no futebol nesta temporada. Sob a alegação do presidente Joaquim Bezerra de “quem não produzisse estaria fora do Santa Cruz”, o meia Didira e o volante Paulinho foram dispensados. No caso do último, com o clube fazendo acordo para desembolsar R$ 200 mil pela rescisão, cujo valor representa quase 50% da folha salarial do atual elenco.

Debandada também na diretoria

Alta rotatividade que também atingiu o comando técnico da equipe, onde nenhum treinador conseguiu ‘dar liga’. Antes de Roberto Fernandes, passaram pelo Santa Cruz João Brigatti, Bolívar e Alexandre Gallo. Este último, diga-se, de maneira meteórica, ficando no clube apenas 13 dias e com direito a desabafo forte na saída, publicado nas redes sociais do próprio clube, quando, ao anunciar seu desligamento, disparou ao dizer que o Santa Cruz ‘parou no tempo estruturalmente‘.

Sem resultados dentro de campo e apresentando incontestável desorganização fora dele, a direção do Tricolor também precisou conviver com bastidores políticos recorrentemente turbulentos.

A saída do executivo de futebol Nei Pandolfo e posterior chegada de Fabiano Melo para seu lugar, sinalizou o que viria a posteriori. Nomes de confiança do presidente Joaquim, como Oberdan Rabelo e Jaime Cordeiro, ambos diretores estatutários do clube, sucumbiram às críticas da torcida e deixaram seus cargos.

Também seguiram o mesmo caminho o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Godoy, o vice-presidente executivo André Frutuoso – alvo, inclusive, de ataques ao seu escritório de advocacia por membros de torcida organizada -, o gerente de comunicação e marketing, Felipe Marenas, além de Jânyo Janguiê, membro do Conselho Fiscal, e Thomaz Barbosa, diretor da Comissão Patrimonial.

Futuro preocupante

Quase constantemente cobrado por um pedido de desculpas – e até mesmo de renúncia por parte da torcida – o presidente Joaquim Bezerra, após a derrota para o Altos, que praticamente sacramentou o rebaixamento à Série D, publicamente assumiu a culpa dos erros cometidos em seu primeiro ano de gestão. Admitindo as falhas, negou apego à presidência, mas fez questão de pedir união no Santa Cruz.

Se o 2021 começou com o sentimento de esperança, a próxima temporada coral, sem Copa do Brasil, sob risco de também ficar fora da Copa do Nordeste (jogará a fase classificatória) e no porão do futebol nacional, 2022 já se inicia com o sentimento de preocupação com relação ao futuro do clube. Mas com uma certeza. Será preciso fazer tudo diferente do que foi feito este ano.

Campanhas do Santa Cruz na temporada 2021

Campeonato Pernambucano

11 jogos
3V, 5E e 2D
Eliminado na semifinal para o Náutico
Aproveitamento: 42,4%

Copa do Brasil

2 jogos
1V e 1D
Eliminado na 2ª fase para o Cianorte
Aproveitamento: 50%

Copa do Nordeste

8 jogos
1V e 7D
Lanterna do seu grupo e eliminado na fase de grupos
Aproveitamento: 12,5%

Série C

16 jogos
2V, 5E e 9D
Lanterna do seu grupo
Aproveitamento: 23%

A lista de contratações

Goleiros: Geaze, Marcão, Felipe Silva* e Martín Rodríguez*;
Laterais: Alan Cardoso*, Julinho*, Fernando Pileggi*, Digão*, Weriton, Lucas Rodrigues e Gilmar;
Zagueiros: Hebert*, Breno Calixto, Victor Oliveira e Rafael Castro;
Volantes: Augusto César, Karl*, Elicarlos*, Everton Dias*, Vitinho, Derley* e Maycon Lucas;
Meias: Marcos Vinícius*, Péricles*, Rondinelly, Tarcísio, Jailson e Lelê;
Atacantes: Madson*, Maxwell*, França*, Bustamante*, Lucas Batatinha*, Adriano Michael Jackson*, Wallace Pernambucano, Frank, Quiñonez*, Levi, Rone*, Elias Carioca e Bruno Moraes.

*Já não fazem mais parte do elenco

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