Tricolor viveu mais uma temporada de desabafos e polêmicas
O ano de 2022 não vai ficar guardado com carinho na memória do torcedor do Santa Cruz. Ao longo do ano, o clube enfrentou problemas administrativos e uma renúncia presidencial no meio da temporada. E isso se refletiu em campo, com uma série de desabafos e fracassos.
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
A era Joaquim Bezerra
A temporada do Santa Cruz começou ainda em 2021. Depois de uma campanha decepcionante e mais um rebaixamento na Série C, Leston Júnior retornou ao Tricolor e tomou à frente na missão primária de classificar o time no pré-Nordestão. Não aconteceu.
Leston seguiu e a base do time foi bastante reforçada para a nova temporada, que reservava calendários esvaziados e bem menos dinheiro em jogo, já que o clube não teria as milionárias copas do Brasil e do Nordeste.
O elenco dava esperanças de um bom ano, com nomes como Jefferson, Marcos Martins, Alex Alves, Gilberto e Walter. Mas os primeiros jogos já escancararam o grave problema defensivo que o clube viveria por toda a era Leston Júnior.
O ataque até passava confiança e Walter parecia na iminência de perder a posição para Rafael Furtado quando, junto ao volante Caetano, trocou o Santa Cruz pelo Amazonas, que, meses mais tarde, já sem Walter, conseguiu o acesso tão sonhado pelos corais.
Os torcedores só não imaginavam que a saída precoce do atacante seria o menor do problemas internos no Santa Cruz. Ou que o deslumbre por Rafael Furtado não iria muito além dali.
A derrota por 4×0 para o Retrô foi um marco da instabilidade defensiva e deixou o Santa Cruz na corda bamba pela vaga na Série D 2023. Ela veio, mas bastava mais um gol do Salgueiro contra o Retrô na última rodada para tudo ter ruído.
Ao fim, mesmo sem um futebol convincente, o time passou em terceiro e segurou um 0x0 contra o Náutico na semi do Pernambucano, caindo nos pênaltis. De quebra, o Santa ainda garantiu a vaga na Copa do Brasil e no pré-Nordestão.
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O fim do ProSanta e a nova era ALN
Mas apenas três dias depois da eliminação, outra queda repercutiu bem mais nos corredores do Arruda. Joaquim Bezerra, que assumira o clube há apenas um ano, renunciou a presidência e marcou o fim do grupo ProSanta.
Os nove dias seguintes foram agitados e tudo parecia caminhar para um bate-chapa entre Albertino dos Anjos, Alexandre Mirinda e Antônio Luiz Neto. De última hora, os dois primeiros retiraram a candidatura e o terceiro foi eleito por aclamação.
Mas o clima de paz logo começou a ruir. ALN foi eleito em 14 de março, e o clube teria uma assembleia sobre a criação de uma SAF no dia 27. Mas a nova gestão adiou o debate para maio e incluiu diversas pautas sobre o estatuto e o processo da SAF – nas urnas, o “sim” venceu.
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Os desabafos e a saída de Leston
Em campo, a chegada de ALN também trouxe discursos de otimismo e alívio por parte de jogadores e comissão técnica. Mas isso não se refletiu em campo. O Santa Cruz largou na Série D com apenas um ponto em três jogos, mas a maior pancada veio após a 1ª vitória.
Demissão para técnico e executivo, e jogadores pedindo dispensa, como Marcos Martins, Lucão e Mateus Anderson. Outros também ameaçaram sair. Foi a 2ª vez em pouco mais de um ano que um treinador deixava o Arruda com fortes críticas sobre as condições de trabalho.
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A volta de Martelotte
Então, o Santa Cruz foi na bola de segurança e acertou o início da 5ª passagem de Marcelo Martelotte como treinador coral – fora as duas como jogador. Com novo técnico e reforçando o elenco, o clube começou a reagir e apresentou bons números – apenas nos jogos em casa.
Ao longo da campanha na Série D, chegaram ao Arruda nomes como Luan Bueno, Daniel Pereira, Arthur Santos, Anderson Ceará, Chiquinho, Guilherme Castro, Fabrício, Ariel e Raphael Macena, mas quem fez a diferença foi Hugo Cabral.
O ponta de 34 anos não marcava um gol desde 2019, mas desencantou com sete no Tricolor, o suficiente para dividir a artilharia do time na temporada com Rafael Furtado, que fez 26 jogos, contra apenas 11 de Cabral.
Os gols do atacante foram decisivos e ajudaram o Tricolor a, mesmo muito instável, conseguir a vaga na 2ª fase da Série D na última rodada. O Santa Cruz teve a pior campanha entre todos os times classificados, abaixo até de alguns eliminados.
Mas se enganava quem achava que as crises estavam sanadas. No último jogo do Santa na 1ª fase, outro desabafo, dessa vez do lateral direito, Edson Ratinho. E a resposta do presidente ALN foi no mesmo tom. Entre indas e vindas da polêmica, o jogador acabou demitido.
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O Arruda
Ali, ao menos, chegava ao fim uma das maiores novelas da temporada coral: o estádio do Arruda. Entre vistorias laudos e polêmicas, foram alguns meses. Assim, a torcida só voltou ao estádio em março, quando o Arruda já estava há mais de dois anos sem receber a torcida.
Àquela altura, a liberação foi para 7.200 pessoas. Depois, no início de abril, veio limitação de 20 mil pessoas, que seguiu até agosto. Apenas no último jogo da Série D veio o laudo para mais de 40 mil pessoas. Ao fim, o Santa dividiu a liderança de público com o campeão América-RN.
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O mata-mata
Quis o destino que o Santa Cruz, pior classificado, cruzasse com o melhor time da 1ª fase, o Retrô. Antes mesmo da bola rolar, a polêmica ficou por conta do preço dos ingressos na Arena, a R$ 300. Mas a questão foi resolvida e até rendeu uma parceria entre os clubes neste 2023.
Em campo, a grande surpresa. Em um jogo apático, o Santa Cruz segurou o 0x0 no Arruda, mas conseguiu se superar e fazer um jogo imponente na Arena para vencer por 2×1 e avançar para a 2ª fase do mata-mata.
Mas o futebol contra o Retrô não se repetiu contra o Tocantinópolis. Curiosamente era o mesmo time que havia eliminado o Náutico da Copa do Brasil alguns meses antes. No Arruda, 0x0. Em Tocantins, gol nos minutos finais e eliminação coral por 1×0.
A era Martelotte terminou três dias depois. Outras mudanças se seguiriam por esses já mais de quatro meses desde a última partida do Santa Cruz. Com um novo técnico e com muitas novidades no elenco, a luta, agora, é para construir uma nova história a partir de 5 de janeiro.
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