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Retrospectiva 2022: Ceará vive ano trágico com vexames, caos político e rebaixamento à Série B

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No ano de maior orçamento de sua história, o caminho que o Ceará trilhou é bem diferente do que foi sonhado por sua grande torcida. Em uma temporada, na qual, os momentos ruins ficarão por muito vivos na memória do torcedor alvinegro, a equipe de Porangabuçu somou vexames e eliminações precoces em meio a um clima de caos político que culminou com seu retorno à Série B após cinco anos na elite nacional.

Assim, a equipe cearense voltou a trabalhar pensando em 2023 antes do ano caótico de 2022 se tornar página virada. Treinando desde o dia 16 de dezembro, o novo elenco do Vozão buscará exorcizar os fantasmas deste ano e recolocar o Alvinegro no caminho certo nas quatro competições que disputará: Campeonato Cearense, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Série B.

O futebol do Ceará em 2022: Uma tragédia em cinco atos

Capítulo I – As ideias de Tiago Nunes

Comandante da reta final da temporada 2021, quando o Ceará quase alcançou a Libertadores da América, o técnico Tiago Nunes era o comandante natural para iniciar o ano de 2022. E assim foi feito. No ano em que o Vozão tinha o maior orçamento de sua história, jogadores de peso chegaram ao Pici para reforçar a base que havia disputado a Série A.

Assim, desembarcaram no Pici nomes como os laterais Nino Paraíba, Michel Macedo e Victor Luís, os volantes Richard Coelho, Richardson e Rodrigo Lindoso e os atacantes Iury Castilho e Zé Roberto, contratado como alternativa a Silvio Romero, que foi perdido para o maior rival.

Zé Roberto - Ceará
Zé Roberto foi contratado após contato com Tiago Nunes para ser o artilheiro alvinegro – Foto: Felipe Santos/CSC

Para fechar a lista de 10 reforços do Ceará no início do ano ainda houve a chegada do zagueiro Lucas Ribeiro, que foi cercada por muita polêmica e insatisfação da torcida devido ao jogador estar respondendo processo pelo vazamento de um vídeo íntimo de uma jovem de 14 anos de idade. Na ocasião, o jogador foi defendido pelo presidente Robinson de Castro.

Entretanto, mesmo com os reforços, o time comandado por Tiago Nunes não decolou. Com a ideia de manter a posse de bola e pressionar seus adversários em seu próprio campo, a equipe alvinegra sentiu como seu maior calo ao longo dos primeiros meses a falta de poder de fogo no campo de ataque.

Assim, essa ineficácia acabou custando caro ao Vozão e ao treinador. Em março, a equipe já se encontrava eliminada da Copa do Nordeste e do Estadual, com ambas as quedas ocorrendo nos pênaltis, contra CRB e Iguatu.

Dessa forma, o ciclo de Tiago Nunes chegou ao fim à frente do Alvinegro, antes da estreia do clube na Copa Sul-Americana, competição internacional que disputaria e proporcionaria os melhores momentos do ano ao torcedor.

Capítulo 2 – O alento chamado Dorival Júnior

Após os fiascos sob o comando de Tiago Nunes, o Ceará foi atrás de um velho desejo para assumir o comando do seu time. Dessa forma, Dorival Júnior chegou ao clube após quase dois anos de hiato e com a pecha de ser o comandante com um nome de peso para levar o clube a patamares mais altos na temporada.

Dorival se despede do Ceará, agradece pelo período no clube e diz: "Não foi uma decisão fácil"
Foto: Felipe Santos/ Ceará SC

Assim, no início de abril, o treinador já tinha uma árdua missão: receber o Independiente, em casa, pela estreia da Copa Sul-Americana em sua estreia pelo Ceará. Apesar do susto de sair perdendo, o Vozão buscou a virada e largou bem para uma campanha que teve 100% de aproveitamento na fase de grupos do torneio.

Pela Série A, o treinador também estreou com vitória, ao bater o Palmeiras, que seria o futuro campeão nacional por 3 a 2, no Allianz Parque.

Contudo, o bom desempenho de Dorival e a sinergia com o time e as arquibancadas que trouxeram o melhor momento do Ceará no ano logo chamaram atenção. Assim, em junho, o treinador recebeu o convite do Flamengo – para assumir a vaga deixada pelo demitido Paulo Sousa – e deixou Porangabuçu com 18 jogos e um aproveitamento de 68,5% dos pontos conquistados.

Capítulo 3 – A chegada de Marquinhos Santos e a insatisfação da torcida

Com a saída de Dorival Júnior, o rumo da nau alvinegra pareceu estar incerto. Entretanto, três dias depois da despedida do agora treinador do Flamengo, o Vozão anunciou o técnico Marquinhos Santos, como seu terceiro comandante em um período de seis meses.

Apesar de contar com uma estrutura montada e que apresentava uma engrenagem competitiva com Dorival, o desempenho sob o comando de Marquinhos Santos não conseguiu repetir os bons resultados apresentados pelo trabalho do seu predecessor. Assim, uma nova fase de repetidos fracassos se voltou para Porangabuçu.

Sob o comando de Marquinhos Santos, o Vozão foi eliminado nas quartas de final da Copa Sul-Americana, diante do São Paulo, novamente nos pênaltis. Além disso, o treinador ainda contou com a eliminação na Copa do Brasil, em confronto direto entre os cearenses. Dessa forma, viu o Fortaleza, na despedida do lateral Yago Pikachu, tirar o Vozão da mais lucrativa competição do país pelo segundo ano consecutivo.

Marquinhos Santos - Ceará
Marquinhos Santos foi demitido do Vozão após dois meses de trabalho – Foto: Stephan Eilert/CSC

Para além dos resultados ruins nas Copas, o trabalho de Marquinhos Santos ainda comandou o movimento que afastou o Ceará da primeira página da tabela, fazendo fizeram o Alvinegro rondar a parte de baixo da classificação, com muitos empates e vitórias cada vez mais escassas.

O fim da linha para Marquinhos Santos foi a derrota no Clássico-Rei do returno, quando o Vozão foi ultrapassado pelo Fortaleza, que era dado como virtual rebaixado ao fim do primeiro turno. Assim, em 14 de agosto, o treinador foi dispensado com 17 jogos. Foram seis vitórias, cinco empates e seis derrotas, aproveitamento de 41,1%.

Capítulo 4: A queda livre com a aposta em Lucho González

A escolha do novo técnico – o quarto em oito meses – do Ceará foi semelhante a uma via crucis para a diretoria alencarina. A cada treinador procurado que retornava a a proposta com um não, o torcedor via seu time sangrar ainda mais na queda livre vivida na Série A.

Assim, sem opções viáveis no mercado, o Vozão decidiu empenhar seus últimos recursos em uma aposta. Dessa forma, em um all-in desesperado, o Alvinegro anunciou o argentino Lucho González para ocupar a cadeira de técnico que passou 11 dias vazia.

Entretanto, em sua apresentação, as credenciais postas para a escolha seriam o espiríto vencedor apresentado como jogador, uma vez que o “El comandante” nunca havia treinando uma equipe profissional de futebol.

Porém, o receio de sua contratação foi levemente minimizado com os seus quatro primeiros jogos, quando conseguiu uma vitória, contra o Santos, que quebrou uma sequência de oito jogos sem vencer e dois empates, entre eles um contra o Flamengo de Dorival Júnior.

Contudo, a aparente evolução do time diante do que foi encontrado na chegada de Lucho virou pó após a data FIFA de setembro de 2022.

Dessa forma, o treinador encerrou sua passagem com apenas uma vitória em 11 jogos e deixando o Ceará em uma situação complicadíssima na luta contra o rebaixamento, ao entrar no Z-4 com dois confrontos diretos a realizar, com menos vitórias que os adversários e sem contar com o apoio do seu torcedor por conta da invasão de campo contra o Cuiabá.

Capítulo 5 – Do rebaixamento

Nas últimas quatro rodadas, o Ceará esteve sob o comando do auxiliar técnico Juca Antonello -que inclusive deixou o clube após a Série A -, mas que pouco podia fazer para evitar a queda.

Juca Antonello - Ceará
Juca Antonello comandou o Ceará em seis oportunidades na Série A e conquistou apenas uma vitória – Foto: Felipe Santos/CSC

Com uma equipe com um dano na confiança quase irreparável e jogadores como Vina, antes considerados ídolos e que viviam rota de colisão com a torcida, o profissional viu conquistar apenas com uma vitória, já na última rodada, contra o Juventude, quando já estava rebaixado e diante de uma Arena Castelão vazia.

O caos político no Ceará

Outro elemento que esteve sempre presente nos bastidores do Ceará ao longo de 2022 foi a conturbada situação política envolvendo o presidente Robinson de Castro. Bastante contestado pela torcida, o mandatário alvinegro era sempre lembrado nas arquibancadas a cada insucesso alvinegro.

A situação passou a beirar o insustentável na reta final do Campeonato Brasileiro, quando a torcida cobrava satisfações pelo péssimo desempenho da equipe em sua temporada com o maior orçamento na história e não obtinha respostas. Dessa forma, um movimento crescente para pressionar Castro pela renúncia foi crescendo nos bastidores do clube.

A tensão entre diretoria e torcida fez a corda arrebentar na partida contra o Cuiabá, pela 33ª rodada da Série A, na Arena Castelão. Durante protesto, facções organizadas entraram em confronto com a polícia e houve o uso de gás lacrimogênio. Devido a isso, torcedores acabaram invadindo o gramado para fugir das cenas de violência nas arquibancadas do estádio.

Robinson de Castro - Ceará
Robinson de Castro relatou ameaças após as cenas de violência na partida contra o Cuiabá – Foto: Felipe Santos/Ceará SC

Com isso, o Ceará foi punido pelo STJD e acabou selando seu rebaixamento à Série B, após cinco anos na elite nacional. Assim, ao fim da Série A, houveram rumores que o presidente renunciaria, o que foi prontamente desmentido por ele.

Contudo, o isolamento político de Robinson de Castro tende a ficar ainda mais latente em 2023. Isso acontece porque seu padrinho político no clube, Evandro Leitão – ex-presidente executivo e atual presidente do Conselho Deliberativo -, anunciou que não exercerá mais cargos diretivos no Ceará.

Assim, o atual presidente do Conselho Deliberativo abrirá vagas para novos grupos na eleição que será realizada no próximo dia 23 de janeiro.

2023 é o ano do recomeço?

De volta às atividades desde o dia 16 de dezembro, o Ceará buscará se reinventar, superando os fantasmas do ano de 2022 para voltar à elite nacional e – se possível – sair da sombra do sucesso do rival Fortaleza.

Entretanto, para isso vêm vivendo um processo intenso de reformulação em seu elenco, uma vez que a queda de divisão irá impor uma nova realidade financeira ao clube. O clube alencarino terá o comando do técnico paraguaio Gustavo Morínigo, que ganhou notoriedade no país por sua longa passagem no Coritiba.

Assim, 10 jogadores já foram contratados, entre eles o atacante Luvannor, que foi campeão da Série B com o Cruzeiro, em 2022, e o meia-atacante Chay, bicampeão da Segundona por Cruzeiro (2022) e Botafogo.

Luvannor foi oficializado pelo Ceará na última semana de 2022 – Foto: Divulgação/CSC

Além disso, outros 19 atletas do plantel do ano passado não permanecerão para 2023, sendo que alguns deles já foram até anunciados por clubes da Série A, como foi o caso de Messias e Mendoza (Santos), Fernando Sobral (Cuiabá).

Por fim, o goleiro João Ricardo e o lateral Bruno Pacheco trocaram de lado na capital cearense e vão defender o Fortaleza em 2023. Vale lembrar que o defensor já foi anunciado, mas o arqueiro só deve assinar contrato no início do ano novo, uma vez que não quis renovar com o Vozão e tem vínculo até o fim de 2022.

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